The animals. The animals. Trapped, trapped, trapped until the cage is full. A gaiola está cheia. Mas agora tem um pedaço dela vazio. Litchfield abriu as portas mais uma vez, não para contar sobre os prazeres da vida. A religião abriu janelas na terceira temporada para descobrirmos que Deus nem sempre estará lá. Luz se acendeu, apenas para se apagar. A música de Regina Spektor nunca fez tanto sentido para “Orange Is The New Black”.

Depois de três anos de existência, a série original da Netflix focou no presente e não no passado. Além de Lolly, que ganhou um background interessante e Healey, finalmente mostrado como além de “o cara que sente ciúmes das detentas”, as histórias do passado foram fracas, dando ênfase ao que realmente importava: as facções formadas dentro da prisão.

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Quando se assiste uma série com um elenco tão grande, cheia de imagens de bastidores, começa a se pensar que todos ali são amigos. Ou pelo menos, que dialogam entre si. Essa nova temporada foi feita para romper essa ideia. Negras, brancas e latinas. Cada personagem e grupo se afastou e ganhou sua própria história dentro da prisão.

Essa segmentação fez com que essa 4ª temporada começasse perdida, parecendo sem saber o que falar além do problema de superlotação. Com o passar dos episódios, as histórias foram se formando e o primeiro assunto surgiu: liberdade. As presas provaram um pouco dela e queriam mais. E através disso, veio o segundo assunto: respeito. Para descobrir o que precisavam, cada uma se isolou nas diferenças, para no fim, todas verem o verdadeiro inimigo: o homem.

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Muitas das tramas antigas incluíam homens como vilões ou empecilhos na vida das garotas. Como é o caso da Dogget e o estuprador ou de Daya e o namorado. Mas se antes esse conflito “feminista” entre “homem” e mulher era algo sutil, agora se tornou uma verdadeira “guerra” contra a figura opressora dos guardas e, por incrível que pareça, a de Caputo. O personagem palerma da série se afastou cada vez mais da prisão e por esses motivos, toda a luz que havia se acendido, apagou.

Essa mudança também se deve aos últimos eventos da terceira temporada. Piper soltando todas as presidiárias, Alex quase sendo morta, a bela cena das detentas se banhando no sol. A quebra de confiança fez de Caputo alguém mais administrativo e menos humano. Mas não apenas ele mudou. Durante a primeira metade, Piper manteve o ar de durona e Alex continuou com sua paranoia.

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Ao mesmo tempo que várias garotas ganharam importância dentro da prisão, outras sumiram na sombra do que estava acontecendo. Sophie se manteve na solitária por tempo demais e além das menções a personagem, deram pouco espaço para ela. Daya foi outra que se não fosse por algumas cenas nos episódios finais, daria para dizer que Dascha Polanco apareceu nos sets apenas para assinar o contracheque.

De qualquer forma, quando se trata de atuação, todas se mantiveram presentes como sempre. Dentre as antigas, a própria Laverne Cox que teve algumas cenas memoráveis e entre as novas, a bitch que todos queriam em Litchfield, Judy King. A personagem de Blair Brown se tornou um bom alívio cômico para os momentos tensos na prisão.

Com tantas estradas e decisões sendo tomadas, foi bom ver todas acordando para a realidade e ao mesmo tempo, voltando a ser o que eram. Seja com as coisas boas e ruins que Litchfield deram à elas ou não. Depois de treze episódios e um fim de semana para alguns, o que se pode fazer é esperar que a próxima temporada seja tão boa quanto, por que assunto, claramente, não está faltando. Todo mundo estará esperando. Temos tempo. And you’ve got time. And you’ve got time.