Fomos ensinados que “quem não belisca, não petisca”, ou em um linguajar melhor, “tentar é melhor que não fazer”. Mas para Florence, o ensinamento foi outro: “Podem dizer que não sabia cantar, mas ninguém poderá dizer que não cantei”. É com esta frase que o filme Florence: Quem é Essa Mulher? se sustenta.

Estrelado por Meryl Streep, Hugh Grant e surpreendentemente, Simon Helberg, o famoso Howard de The Big Bang Theory, o longa trata de uma história surreal e cômica, mas contada da forma mais séria possível. A história é centrada em Florence, uma herdeira que incentiva a cultura, organizando festas em sua casa e comparecendo em todo tipo de evento musical. Todos a amam pelo seu poder, mas principalmente pelo dinheiro.

Ela, por outro lado, é uma amante da boa música e tem o desejo latente de ser a estrela de uma ópera. O grande problema é: Ela não sabe cantar. Com isso em mente, se espera um filme pronto para ridicularizar a figura de Florence Foster Jenkins. Mas a “falsa cantora” é apresentada da forma mais séria possível.

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Em diversos momentos temos ela desafinando enquanto seu pianista faz caretas com a situação. Mas ao mesmo tempo que faz o público gargalhar, também o coloca para pensar na determinação de Florence e no amor e apoio de seu marido, St Clair, personagem de Hugh Grant. É toda essa química que coloca o espectador em uma montanha russa de emoções que apenas se firma pela tríade formada.

Meryl, como sempre, está magnífica no papel, mas em nenhum momento rouba a cena dos seus companheiros. Grant, depois de tanto tempo, retorna para o telão, mostrando que ainda tem talento de sobra. E para os fãs da sitcom, Simon Helberg interpreta alguém totalmente diferente de Howard, conseguindo desvincular a pessoa do personagem que interpreta há nove anos.

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Se não basta um elenco de peso e uma história curiosa para chamar a atenção do público, todo o ambiente criado pelos diretores de arte e fotografia fazem isso. O universo dos anos 30 é recriado de forma bela, desde os carros e prédios até os figurinos, cabelos e maquiagem. A direção de Stephen Frears, de Philomena, também chama a atenção.

Ironicamente, o que há de negativa também é o que tem de mais real: a voz de Florence. O longa opta pelo tempo todo usar os seus “falsetes”. Mas o que poderia ser totalmente irritante e massante, se torna um charme, que viaja da vergonha alheia para o charme e, por fim, para o orgulho de ter existido alguém como ela.

Diferente de Margueritte, seu “primo” em temática e história, “Florence: Quem é Essa Mulher?” atribui diversos aspectos, mas deixa a política de lado. No fim, com tantas risadas, Florence não é bom apenas pelo seu elenco, ou pelo estilo, mas simplesmente por conseguir ser biográfico sem ser massante e mais ainda, por conter uma lição de vida.