Pegando pesado nas gravações da nova temporada do programa “220 Volts“, o ator e comediante Paulo Gustavo causou polêmica ao aparecer em uma foto usando “blackface” para interpretar sua personagem Ivonete.

Para quem não sabe, “Blackface” refere-se à prática teatral de atores que se coloriam com o carvão de cortiça para representar personagens afro-americanos, no século 19.

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Em sua página oficial do Facebook, o ator fez um lindo texto se desculpando pelo ocorrido, dizendo que não foi sua intenção e uma foto da caracterização da personagem sem a maquiagem. Confira:

Nesses últimos dias li, ouvi, pensei e entendi que há uma longa discussão sobre o uso de “blackface” muito anterior e muito maior do que eu, minha carreira, minha personagem e o 220 volts, por isso decidi refazer a Ivonete sem que ela pareça uma caricatura risível da mulher negra. Ela não é. Ivonete é esperta, crítica, consciente e questionadora. É uma brasileira que passa por todas as dificuldades absurdas que todos passamos como a falta transporte eficiente, sistema de saúde precário, violência, etc etc etc… Ela se revolta, reclama, exige, sofre, mas não perde o rebolado, mantém-se de cabeça erguida, forte, guerreira e sobretudo alegre. Mas o blackface historicamente remete a experiências que são dolorosas para muitas pessoas e, mesmo não sendo a intenção, eu peço desculpas se ofendi ou magoei alguém. Eu posso pintar minha pele, posso fingir, representar, tentar dar voz a essa mulher, mas eu nunca saberei de verdade como é ser uma mulher negra. Nos textos, a alegria da personagem não fazia dela uma alienada, mesmo assim eu compreendi que a negra animada é um estereótipo que os movimentos negros combatem com razão pois na vida real, muitas vezes, não é nada engraçado. Apesar de conhecer e adorar muitas Ivonetes, ser negro no Brasil é difícil sim. Como ser mulher também é difícil; como ser gay também é difícil. Tanto na minha arte quanto na minha vida pessoal tenho feito o que posso pra tentar transformar o mundo num lugar melhor. Casei com o Thales, assumi isso publicamente, mudei minha certidão. Entendo que temos um grande processo de conscientização sobre o racismo, o machismo e a homofobia no Brasil e ele vem passando por etapas dolorosas. Eu não quero de forma alguma ser agente dessa dor, corroborar com preconceitos e manter o status quo de uma sociedade que necessita melhorar. Todos nós precisamos conversar e pensar mais a respeito. Eu tenho feito isso. Eu e a Ivonete”, disse.