A Disney entrou em um caminho nesses últimos anos que renderam – e vão continuar rendendo – um grande lucro para o estúdio: As adaptações em live-actions de todos as suas animações clássicas! Alguns dizem que se trata de uma artimanha para preencher um vazio deixado pela falta de novas histórias para contar. Não é verdade! Prova disso são os inúmeros sucessos que a Disney vem tendo com produções originais. Mas o fato é que nós, e isso inclui muitos daqueles que reclamam, acabamos cedendo, nos apaixonando a cada novo trailer e nos deixando levar por toda esse mundo de magia que sabem criar como ninguém mais, culminando, quase sempre, em um grande sorriso no rosto ao finalmente sair das salas de cinema.
O conto de A Bela e a Fera é a bola da vez. Escrito em 1550 pelo italiano Gianfrancesco Straparola, foi inspirado em Petrus Gonsalvus, que sofria de hipertricose, uma doença rara que causa excesso de pelos no corpo que fazia-o ser considerado não-humano por muitos na época. O conto foi adaptado milhões de vezes, acrescentaram uma magia ali, outros detalhes aqui e acabou ficando muito conhecido na animação da Disney de 1991, e é essa que serviu de base para o novo filme.
A Bela e a Fera segue exatamente tudo aquilo que vimos no desenho, com algumas mudanças não para se adaptar aos dias de hoje, mas sim deixar mais longo e nos dar uma sensação de nostalgia quase infinita. Emma Watson nos apresentou a Bela amigável, que luta por aquilo que gosta e não deixa de ver o lado bom das pessoas, independente de qualquer coisa. Já a atuação de Dan Stevens como a Fera ficou escondida atrás de computação gráfica de pouca expressão e, principalmente, sem muita realidade. Comparado com um lançamento anterior dos estúdios, “Mogli”, ficou nítida a falta de domínio de quem estava na produção desses efeitos especiais.
Os objetos Ewan McGregor (Lumière), Ian McKellen (Horloge) e Emma Thompson (Madame Samovar) são os elementos que trazem uma graça na trama. Se você não é um conhecedor do cinema, talvez não perceba quem são os atores por trás dos personagens, afinal, a computação gráfica não deixou espaço para o reconhecimento facial dos atores (mesmo que pouco) e resultou em uma interpretação mais “dura”.
Por outro lado, ter a experiência de cantar e reviver as cenas musicais foi incrível. Apesar da afinação artificial na voz de Emma Watson nas músicas – levando em consideração que ela não é uma cantora e se saiu super bem -, as canções são fiéis ao clássico e até algumas inéditas foram adicionadas ao filme, como “Days in the Sun” e “Evermore”, assinadas por Tim Rice e Alan Menken.
O Gaston de Luke Evans foi a personificação perfeita do macho alfa apresentado no desenho de 1991, que embala os corações de muitas mulheres (e não só delas) na aldeia francesa. Seu parceiro, LeFou (Josh Gad), é a comédia que precisávamos. A discussão criada em cima da homossexualidade do rapaz após a declaração do diretor, nos permitiu perceber um lado do personagem que, na verdade, já era mostrado também no desenho, mas não escancarado à época. Sua falas e seu jeito único deixam seu parceiro Gaston ofuscado em meio a piadas e muita devoção.
O diretor Bill Condon, responsável pelos últimos filmes da Saga Crepúsculo, juntou todos os elementos do conto de fadas adaptado por Walt Disney e trouxe para os coraçõezinhos dos fãs um filme fiel e emocionante, que mesmo com pontos negativos em alguns aspectos, não deixou de abalar nosso emocional trazendo momentos icônicos para os olhos de quem passou a vida toda reprisando a história de amor de duas pessoas com vidas completamente diferentes em um VHS.
O sorriso no rosto está garantido desta vez!
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