“Siga em frente”. “Hakuna Matata”. “Continue a nadar”. Não importa se cresceu assistindo as animações de Hayao Myiasaki do Studio Ghibli, em algum momento da sua infância se deparou com alguma dessas frases. Nem é preciso dizer que elas são da Pixar/Disney e como foram importantes para o crescimento de muitos. O que os antigos pais dos anos 90 não esperavam era que hoje, 13 anos depois, ainda seria motivo para “surto” na vida dessas “ex-crianças”.

E Procurando Dory é exatamente sobre isso: Uma filha indo encontrar nos pais uma infantilidade há muito tempo perdida. Essa premissa não ronda apenas a inesquecível Dory, mas também os adultos de 20 a 30 anos que estão comprando ingressos antecipados para acompanhar esse retorno. Resgatando esse sentimento nostálgico, mas sem deixar de inovar, a animação promete agradar qualquer faixa etária.

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Esse agrado começa pelo mundo aquático já explorado anteriormente. Antes de mais nada, é bom deixar claro que o filme é sobre a Dory. Marlin e Nemo se tornam coadjuvantes, com ótimas cenas procurando por ela, mas poucas comparadas ao tempo de tela que a peixinha azul e Hank, o polvo desconfiando, possuem. Falando nele, sua inserção é uma das mais interessantes em todo o filme e se torna um bom agrado, tanto para o novo público quanto para o antigo. Com diversas boas piadas, a decepção fica apenas por ele ter sido criado apenas agora.

Hank talvez não se torne tão icônico quanto o tubarão Bruce ou a tartaruga Crush, mas já é algo bom e novo comparada a uma narrativa um pouco óbvia e que em alguns momentos se repete. Procurando Dory tem muitos pontos altos quanto se trata em personagens e tentar inovar, mas ao mesmo tempo, não tem muito de novo para contar além do passado da nova protagonista.

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A forma escolhida para falar disso são epifanias da personagem seguidos de flashbacks compostos por lembranças dos pais. O que é muito bonito, desde a primeira cena da Dory infantilizada com os olhos esbugalhados até ela dizendo que ama conchas roxas. Mas em um determinado ponto do filme, o público apenas quer ver o que está acontecendo com os personagens e como vão sair da nova enrascada.

Para isso, utilizam bastante de Hank, já mencionado, Destiny e Bailey. Juntos, eles mantêm a personagem no presente, mesmo quando se perde em pensamentos. Não apenas os peixes estão na história, mas uma participação da Marília Gabriela na versão dublada torna tudo bem mais agradável e divertido. Se não fossem pelos três – ou quatro –, não haveria uma das melhores situações criadas no longa, que afasta a animação de uma ideia de sequência e a aproxima de um spin off.

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Mas claro, um spin off repleto de boas referências e diga-se de passagem, uma das melhores cenas pós-créditos do ano, bem ao lado de Deadpool. Com tanta nostalgia e o selo Pixar de qualidade e drama, não é difícil se emocionar. Todo o público sabe para onde o enredo está se encaminhando, mas os suspiros de tristeza, medo e alegria no final são reais. Feitos por crianças que mal conhecem o Nemo até os adultos que falam baleiês.

Está longe de ser apenas uma produção que se sustenta em roteiro. Novamente, o azul, laranja e roxo são bem utilizados para formar esse universo aquático. A trilha sonora é outro ponto alto, composto desde o clássico “Continue a nadar” até a bela música da Sia, “Unforgetable”. Ainda se deve comentar sobre a dublagem. As vozes antigas junto de algumas novas mostram que não há por que ter medo de assistir as novas animações dubladas.

O mais triste é ler o “FIM” quando sobem os créditos e imaginar que talvez não voltaremos a ver tão cedo os peixes mais famosos dos sete mares. Mas ao mesmo tempo, saber que uma produção tão boa foi criada em um intervalo de tempo tão grande cria certo alívio e expectativa para as futuras sequências de outras franquias. Dando destaque a Os Incríveis 2, por exemplo.