Se você estava ansioso para saber como Capitão Gancho perdeu a mão e como ele e Peter Pan viraram grandes inimigos, faça uma viagem para o outro plano e converse com o autor escocês criador da história J. M. Barrie, pois esse filme não tem nada disso.
Criado em 1911 por James Matthew Barrie, “Peter & Wendy” fez um grande sucesso surgindo de uma peça de teatro de mesmo nome e partindo para várias adaptações cinematográficas, sendo uma delas – a mais conhecida – produzida por Walt Disney em 1953. Eis que em 2014, os estúdios Warner Bros. anuncia a produção de um novo filme do garoto e todos ficam animados. O lançamento chega e a pergunta que fica no ar é: “só isso, Warner?”.
A história, que tem a intenção de contar o que ocorreu antes dos fatos já conhecidos por nós, começa com Peter, ainda bebê, sendo deixado por sua mãe, Mary (Amanda Seyfried), em frente a um orfanato religioso. Doze anos mais tarde, vemos o garotinho, vivido pelo fofo Levi Miller, convivendo com seus amigos no precário orfanato em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. A diretora corrupta do lugar vende as crianças para o pirata Barba Negra (Hugh Jackman), que os leva para a Terra do Nunca, onde são obrigados a trabalhar em minas de pó de fada. Peter é claro, vai junto.
Uma das melhores cenas iniciais na Terra do Nunca é a entrada triunfal de Jackman nas minas cantando a ótima Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Blitzkrieg Bop, do Ramones, também aparece minutos depois, mas logo a trilha sonora cai no esquecimento. Os roteiristas não desenvolveram até o final ideias boas para construir um bom clima e nos fazer esquecer um pouco dos efeitos especiais medianos.
O ator mirim que dá vida ao personagem título não segura a onda e acaba não convencendo muito. Apesar de não chegar a ser um desastre sua atuação não consegue passar as emoções que deveriam ser expressas, não consegue (e aqui por culpa também da direção) mostrar uma evolução do personagem, que de um simples garoto abandonado se torna um grande guerreiro. Garrett Hedlund, o jovem Capitão Gancho, é outro que também não se sabe a que veio, um excesso de caras e bocas mas sem de fato expressar nada.
Rooney Mara, que interpreta a princesa Tigrinha, membro de uma tribo nativa, consegue levar sua personagem até bem, sómas pelo jeito não curtiu muito sua participação: “É muito divertido. Eu nunca fiz isso. Mas não, eu não quero mais fazer isso…quer dizer, não que eu nunca vou fazer mais um longa de ação, mas é que foi muito desgastante”, afirmou a atriz em entrevista sobre as cenas de ação.
Enfim, um longa sem uma historia bem definida, que se baseia apenas em efeitos, que não funcionaram tão bem em tela, e em cenas de ação desnecessárias. Mas o principal erro do filme é simplesmente não fazer o que se propôs: mostrar o que levou ao Peter Pan que conhecemos. Como você bem leu no inicio desse post, não vá ao cinema esperando ver como gancho perdeu a mão, ou como se tornaram grandes inimigos, ou outras curiosidades que realmente trariam interesse ao filme. Na verdade o que parece é apenas um filme qualquer que pegou emprestado os nomes Peter Pan e Gancho, sem levar junto suas histórias. Parece haver a intenção de criar uma continuação para que essas explicações apareçam, resta saber se os resultados em bilheteria não irão atrapalhar esses planos. Que sirva pelo menos para alterarem os rumos da direção e colocarem o roteiro acima do visual.
Peter Pan talvez funcione para o público infantil. Apesar das falhas o filme tem bastante ação, cor e uma trilha realmente empolgante. Se for ao cinema assisti-lo talvez renda alguns minutos de diversão, só não se esqueça de deixar as expectativas em casa!
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