Um universo triste é capaz de te interessar? Quem conferiu Trainspotting já sabe que é possível! Esse ótimo filme que fala sobre os viciados em heroína e “vidas lokas” do subúrbio é baseado num livro publicado em 1993 pelo escocês Irvine Welsh. A sequência, Pornô, só foi para as prateleiras lá fora em 2002 (2005 no Brasil) e, como o próprio nome diz, é aqui que a droga é deixada de lado pra dar foco ao cenário picante do tesão. É cada conto fora dos clichês, que faz o leitor mergulhar de cabeça num outro mundo. Essas obras tão bem trabalhadas, chamativas e atuais mereciam uma conclusão à altura: Skagboys, da editora Rocco, não só atraiu atenção dos velhos amantes da história como conquistou uma nova legião de fãs!

A trilogia deu belos pulos na publicação, à moda Game of Thrones, que também começou na década de 90 e não parou mais. A primeira vantagem de Skagboys é que ele funciona como Trainspotting – A Origem: retoma várias personagens ainda na fase de descoberta da heroína, então, começar pelo 3º livro é como começar pelo 1º, na verdade.

O enredo fala justamente disso: “a jornada de rapazes promissores a jovens viciados na heroína que inundaram sua comunidade em desintegração. Estamos numa época de drogas, pobreza, AIDS, violência, conflitos políticos e ódio – mas também com muitas risadas, e talvez um pouquinho de amor”. A primeira impressão é a que fica, e Skagboys sabe cumprir sua parte. Combina uma linguagem sem censura com personagens construídas detalhadamente, além de um desenrolar rápido e sem sutileza na narração!

O Pizza leu o vício extrovertido de Skagboys, incrível prelúdio de Trainspotting! (2)Só tendo uma cópia em mãos pra entender bem essa escrita descomplicada: o uso de gírias, expressões e palavrões são mais do que bem-vindos. Os diálogos estão na medida, tem boa estrutura e passam uma impressão natural a quem lê. As vezes, um riso ou outro pode escapar, porque é difícil achar autores que tenham essa pegada. Acaba sendo uma novidade agradável e divertida.

Toda a trama é um elemento surpresa, tenta sair do óbvio e cria situações bizarras com sucesso. Existem grandes conflitos, mas os menores também tem vez, e o ambiente da história é moldado dessa forma: cada dia é um novo dia. O cotidiano sempre muda e guarda outro obstáculo. Aí que entram os protagonistas desse dia-a-dia: os comandantes desse livro são, no geral, despreocupados, irresponsáveis e sem grande objetivo. Porém, o carisma ainda é válido pra alguns. O contexto político da Grã-Bretanha é motivo de grandes movimentos em busca de justiça, então até que teve um ou outro que mostrou o lado sem zoeira.

A gente acompanha de perto aonde Skagboys quer nos levar: à vilã heroína. Aquele primeiro contato com a droga deixa o leitor tão ansioso quanto as personagens e vira uma das melhores passagens desenvolvidas. Com boas doses de comicidade e conflitos, o que poderia ser o progresso vai se desmanchando aos poucos, mas é esse universo que, surpreendentemente, desperta nosso interesse. O último livro da trilogia Trainspotting tem pouco menos de 600 páginas, mas não desanime, porque passam voando. A essência dessas páginas é a curtição, a tentação, o prazer e claro, suas consequências. Tire bom proveito e aprendizado com elas, vale muito a pena! Adquira sua cópia na loja da própria editora aqui. Boa leitura!

O Pizza leu o vício extrovertido de Skagboys, incrível prelúdio de Trainspotting! (3)