Um livro que faz a cabeça dos leitores começa as produções para uma adaptação. Elenco e produção maravilhosos são apresentados, tudo parece perfeito, até que surge o resultado. Em O Lar das Crianças Peculiares, o público é lembrado que não dá para confiar em adaptações, além de descobrir que já está mais do que na hora de Tim Burton voltar para seus longas autorais, repletos de luz e sombra, magia e esquisitices.

A culpa dessa mesmice não é do diretor e sim do erro repetido de adaptar, mas com direito a mudar tudo que torna o original algo único, transformando em uma mistura de X-Men com Desventuras em Série. A grande ironia, ou talvez decepção, seja que Ransom Riggs, autor de Srta. Peregrine e O Lar Para Crianças Peculiares, estava na produção do roteiro.

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De qualquer forma, já não era novidade que vários personagens foram mudados para servirem em uma narrativa menor e mais rápida para o público que não leu os livros, mas se isso não bastasse, muitos pontos foram picotados, outros mudados e assim chegamos em um longa que nem possui um gancho para uma sequência. Lembrando que Ramson está em seu terceiro livro.

Deixando as reclamações já tão debatidas entre os fãs de literatura, o nova longa que reúne Eva Green, Asa Butterfield e Tim Burton funciona para um público infanto juvenil, talvez para uma tarde de sábado sem nada para fazer. Mas ele é um completo oposto do estilo sombrio que pode ser encontrado logo na capa do livro ou no marketing apresentado.

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Só que isso não é por falta de tentativa. Em vários pontos, a direção e fotografia tentam compensar o enredo. As cores azul e preta tomam conta no presente, enquanto o amarelo e verde ficam para o ano de 1943. Essa alternância é interessante até ficar forçada e não conseguir sustentar o que está passando na tela.

Mesmo com todas essas “peculiaridades” visuais, depois de duas horas de filme, a pergunta fica: “Era mesmo um filme do Tim Burton?”. A presença do diretor parece apenas mais um nome nos créditos para atrair público. Até mesmo em “Alice no País das Maravilhas“, Tim teve mais oportunidades de deixar a sua assinatura visualmente. Se já não basta, até os atores ficaram apagados em suas interpretações.

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Eva Green permanece imponente com sua voz e beleza, mas não possui tanto tempo de tela para cativar. O personagem de Asa Butterfield, por outro lado, não parece ter material o suficiente para mostrar o talento do ator. E na fila, vem as participações especiais como a de Judi Dench, Samuel L. Jackson, Michelle Gomez, que chamou atenção com o papel de Master em Doctor Who. No fim, apenas rostos para atrair sorrisos de quem conhece e gosta. Nada mais.

Mas depois de tantos pontos negativos, o que dizer sobre “O Lar Para Crianças Peculiares”? Se trata de mais uma adaptação fraca, porém mediana quando se trata de um filme e que apenas os fãs poderão salvar como aconteceu com Instrumentos Mortais, ou enterrar de vez, como aconteceu com Percy Jackson.