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O início do século XXI será lembrado, no futuro, como a “era de ouro” dos super-heróis nos cinemas, com suas inúmeras adaptações de histórias em quadrinhos. Homem-Formiga entra para essa longa lista e é mais uma aposta da Marvel de transposição dos seus heróis das páginas para as telas. Sem pretensão alguma de ser tão aclamado quanto Vingadores, este é um filme que pode agradar bastante àqueles que vão ao cinema sem grandes expectativas e aos fãs das HQs, como aconteceu com Guardiões da Galáxia. No entanto, diferentemente da equipe intergaláctica – que foi uma grata surpresa para todos – o filme do pequeno herói não arrisca tanto e parece seguir a “fórmula Marvel”.

Scott Lang (Paul Rudd) acaba de sair da cadeia e está disposto a recomeçar honestamente, mas enfrenta a rejeição de empregadores devido seus atos passados. Com dificuldades para arrumar um emprego decente, Scott aceita praticar um último golpe, sem saber que está sendo observado pelo Dr. Hank Pym (Michael Douglas). Ele é o inventor do traje que permite quem veste encolher em escala e aumentar a força intensamente, sendo o próprio doutor o primeiro a utilizá-lo. Pym, que se recusou a comercializar sua invenção no passado, ao ver seu ex-pupilo Darren Cross (Corey Stoll) conseguir replicar seu feito, pede então ajuda a Scott para roubar o traje replicado e impedir que Cross venda o uniforme para a H.Y.D.R.A.

O filme encerra a fase dois do Universo Marvel Cinematográfico, iniciada com Homem de Ferro 3, e prossegue na introdução dos novos heróis que farão parte da nova formação dos Vingadores – o Homem-Formiga se juntará ao Visão, Feiticeira Escarlate e Falcão, estes já introduzidos em Vingadores: Era de Ultron. As referências ao UMC estão por todo o filme e vão desde a cena inicial com a presença de Peggy Carter (Hayley Atwell) até uma sequência com Falcão (Anthony Mackie) na sede dos Vingadores. Nenhuma das cenas são forçadas e casam naturalmente com a narrativa, de modo que quem não assistiu aos demais filmes da Marvel não se sente prejudicado.

Homem-Formiga é, principalmente, um filme de comédia. As piadas constantes – que chega a poluir em alguns momentos – aproximam o público do regenerado herói. A ação também não deixa a desejar e apresenta cenas incríveis, tanto em escala natural (como no duelo com o Falcão) quanto reduzida (como durante a batalha final e a sequência subatômica), tudo isso auxiliado a um pesado trabalho de computação gráfica, que banha os olhos de qualquer um que assiste ao filme. Além disso, também recorre a um pequeno drama familiar, com Scott e Hank buscando consertar a relação com suas respectivas filhas. Tal humanização torna Scott e seu Homem-Formiga bem diferente do mitológico Thor ou do milionário Tony Stark, cativando justamente por ser uma história mais “pessoal”, contrapondo-se ao que se está acostumado a ver em filmes de super-heróis.

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A originalidade, porém, vai perdendo espaço quando o vilão é apresentado. Além de ser extremamente raso e caricato, possui um codinome ainda mais esdrúxulo que o do protagonista: Jaqueta Amarela. O nome um tanto incomum do protagonista é até perdoável, graças as sacadas exploradas pelo roteiro onde o próprio herói ri disso. O humor inteligente – como quando o comando de voz do celular do vilão o entende errado e começa a tocar o álbum “Desintegration”, do The Cure – acaba, infelizmente, se misturando de modo bizarro a um humor mais tolo, que já está se tornando característica marcante de filmes do estúdio. Por isso, mesmo garantindo boas gargalhadas, em diversos momentos o espectador se sente indignado quando se depara repentinamente com alguma piada mais tosca entrando em cena. Por fim, quando parece que o filme não vai terminar com o clichê dos clichês “o herói e a mocinha”, acontece uma junção de personagens que, além de não terem nada a ver um com o outro, não possuem o mínimo de química. Talvez toda essa confusão entre ser original e clichê seja resultado dos diversos problemas que a produção enfrentou, desde os vários adiamentos até a troca de diretores no meio das filmagens.

Em termos de atuação, Paul Rudd se sai bem como protagonista, fazendo o público rir e levar momentos a sério quando é preciso. Evangeline Lilly, que interpreta Hope, contudo, não consegue agradar tanto e acaba se tornando ainda mais enfadonha quando fica com ciúmes da relação entre o pai, Dr. Pym, com Scott. Porém, nada é mais irritante que a caricatura feita por Corey Stoll para Darren Cross/Jaqueta Amarela. Talvez a culpa não seja exclusiva de Stoll, mas de um mal desenvolvimento do personagem. Já Michael Peña, que interpreta Luis, o melhor amigo de Scott, surpreende com suas detalhadas histórias que rendem cenas hilariantes.

E, como de praxe, há cena pós-créditos. Mas atenção, não é apenas uma, mas duas! A primeira abre espaço para uma sequência de Homem-Formiga e a segunda lança de vez o pequeno herói no grande time da Marvel. Homem-Formiga começou nas mãos de Edgar Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo), mas terminou com o diretor Peyton Reed (Sim Senhor). O filme estreou nesta quinta-feira, 16, e conta com Paul Rudd (As Vantagens de Ser Invisível), Michael Douglas (Última Viagem a Vegas), Corey Stoll (Lugares Escuros), Evangeline Lilly (O Hobbit), Michael Peña (Corações de Ferro) e Bobby Cannavale (Lovelace) no elenco.